Há pouco eu olhei para o calendário e percebi que hoje é
SEXTA-FEIRA 13!
Não sei por que alguém decidiu reservar logo a Sexta-feira 13 para ser um dia de azar, com tendência a trazer à existência coisas ruins. Até tentei descobrir a origem de tudo o que rodeia a "ocasião", mas as explicações que achei são tão idiotas que sequer merecem ser reproduzidas aqui.
O que sei é que na simples menção dessa data eu naturalmente lembro de filmes de terror, gatos pretos, algumas lendas urbanas - o que na minha opinião são a melhor parte das Sextas-feiras 13. Decidi então compartilhar algumas lendas que já me deram medo quando eu era criança. Desde já, aviso que não tem nada a ver com o Boneco do Fofão e o punhal que servia para segurar a cabeça, ou a Boneca da Xuxa (e seu pacto com o diabo) que mudava de posição para olhar as menininhas quando elas iam dormir.
Essas e muitas outras lendas (como a do Chupa-cabra, da Loira do Banheiro, e do Velho do saco) também já me deram medo, mas quero que conheçam minhas lendas particulares, que acho que só eu tinha medo! Então, preparem-se.
A PAMONHA
Por volta dos meus dois/três anos de idade, a tarde podia estar ensolarada e tranquila. Eu podia estar brincando alegremente com meus amiguinhos, ou com minha irmã mais velha. Porém, bastava ouvir, vinda da rua, aquela voz gritando: "OLHA A PAMONHA! OLHA A PAMONHA!". Eu corria desesperadamente e me escondia embaixo da mesa da cozinha. Não procurava por minha mãe ou pela proteção de nenhum outro adulto. Era como se a única coisa no mundo capaz de me proteger daquele monstro horrível, fosse a mesa da cozinha que, forrada por sua longa toalha, me escondia da PAMONHA. Cara! A voz só dizia "OLHA A PAMONHA", mas para mim, era "CORRA! SE ESCONDA! CUIDADO! A PAMONHA VEM AÍ!".
DONA JULIETA
Eu já era um pouco maior, com meus quatro/cinco anos e já tinha autorização dos meus pais para ir à casa do vizinho brincar. O vizinho morava nos fundos de uma vila e, para chegar à casa dele era preciso passar por um beco formado por outras casas. Em uma delas morava a Dona Julieta, uma senhora muito velha e de pele muito enrugada, de cabeços branquíssimos e voz rouca, que parecia voz de homem. Ela colocava cascas de ovos (desenhadas com carinhas sorridentes) em cima de uma planta chamada "espada-de-são-jorge". Além de eu já ter um medo natural diante de todas as características daquela mulher (e daquela casa), meu amigo ainda alimentava meu medo, dizendo que ela era bruxa, que já a tinha visto vestida com roupas de ritual e que aqueles ovos já haviam sido crianças que a perturbaram. O pior era quando, em meio às brincadeiras, ele dizia: "Cuidado para não acordar a Dona Julieta!".
A CASA DA TIA HÉLIA
Quando eu era criança, não me ligava muito em questão de lugares mal-assombrados. Mas, conforme fui crescendo, minha irmã (muito medrosa) começou a mostrar coisas que lhe davam medo, e o fato de ela falar, me faziam também ter medo. Um desses lugares era/é "A Casa da Tia Hélia", a irmã do meu pai, que mora no interior do Espírito Santo (num lugar que quando eu era criança não tinha sequer energia elétrica). O fato é que todos os velórios da família que morava no Espírito Santo eram feitos na sala daquela casa. O da minha avó, o do meu tio (irmão dela), meu tio (esposo dela). Esses são os que eu lembro. O pior é que além de eles serem velados no meio da sala (onde depois a gente tem que ficar), ela mantém retratos de cada pessoa que morreu expostos ao longo da casa. É sinistro! Uma vez eu acordei no meio da noite morrendo de vontade de ir ao banheiro, a casa estava um breu, porque ela apaga TODAS as luzes (parece até de propósito). Só sei que eu estava com tanto medo que preferi fazer xixi na cama do que encarar os defuntos da sala.
A "CHEIROSA"
Não lembro seu nome, sempre a conheci como "Cheirosa". Era uma mulher de meia-idade, desdentada, com um parafuso a menos que vivia de short curto e, de vez em quando mostrava os peitos na rua, em seus ataques de loucura. Ela vivia nos bares da vida. Os homens de lá sempre mexiam com ela e ela com uma voz esganiçada gritava e xingava. Quando a gente desobedecia, os adultos falavam: "Vou te levar na 'Cheirosa!'".
O NÊGO
Pra falar a verdade, quase não me lembro dele. Eu era muito novo. Só sei que era um andarilho negro, sujo e maltrapilho que vivia pelo bairro. Diziam que ele era o namorado da "Cheirosa", portanto, quando não nos ameaçavam de levar para ela, passavam a bola pro Nêgo: "Vou te levar pro Nêgo!". Ele era quase uma espécie de "Velho-do-Saco".
SEU MADRUGA
Na época em que comecei a ter medo do Sr. Madruga, eu não fazia ideia de que o ator (Ramón Valdes) já havia morrido desde 09 de agosto de 1988 - muito antes de eu nascer. Confesso que até hoje ainda sinto uns calos-frios, digo, calafrios quando vejo alguma foto/imagem dele sozinho no meio da noite. Não sei se tem alguma coisa por trás disso, mas é algo que me marcou muito na infância. O fato é que, certa vez, eu estava na casa da tia Hélia e tive uma espécie de sonho (que até hoje não sei dizer ao certo se foi sonho ou não). Eu e meu primo estávamos brincando no quintal dos fundos durante a tarde, a noite vinha chegando, mas ninguém havia acendido a luz da casa. Enquanto minha mãe e minha tia estavam na sala da casa, eu tive que voltar sozinho até o quintal para procurar meus chinelos e, quando olhei para o meio do mato, eu vi o Sr. Madruga na minha frente. Ele usava blusa preta e estava com cara de zangado.
O ABOMINÁVEL HOMEM DAS NEVES
Esse último é só uma consequência de ter medo do Sr. Madruga. Sempre tive medo desse episódio e até hoje não consigo assisti-lo sozinho. Só sei que aquela cara branca dele me mata de medo!
Pois é, conforme fui escrevendo, lembrei de muitas outras lendas e coisas que me davam medo na infância (entre elas, o "Quadro do Menino Chorando" - se quiser conhecer,
clique aqui) mas o Post já está tão enorme, que me recuso a abusar de sua boa vontade em ler tudo. Só espero que tenham gostado e que tenham uma ótima SEXTA-FEIRA 13!